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CRÍTICA: ESTRANHO CAMINHO: Pessoal, mas, ainda assim, banal.

  • Foto do escritor: João Paulo
    João Paulo
  • 2 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de ago. de 2024


Já fazia uma semana que eu não escrevia sobre algum filme. Por algum motivo, quando estou em casa, não consigo me concentrar em assistir filmes como fazia nos últimos meses. Fui ao cinema assistir Estranho Caminho, novo filme brasileiro dirigido por Guto Parente, que conta a história de um filho cineasta que tenta se reconectar com seu pai no meio de uma pandemia. Não sabia nada sobre o filme, mas esperava sair da sessão com muitas coisas para dizer, mantendo minha escrita viva e em constante evolução. No entanto, no momento em que saí do cinema, senti que não havia muito a ser dito.


Esse sentimento é bastante conflituoso. Em um momento em que estamos afogados em histórias repetidas, sequências e remakes, fui ao cinema para assistir o que deveria ser uma história original, mas saí com a mesma sensação dos outros filmes: “déjà vu”.

Senti uma frustração combinada com a familiaridade de uma história contada inúmeras vezes de várias formas. Embora Estranho Caminho tenha características que o tornam mais pessoal e com mais identidade, ainda assim não é suficiente para escapar de um todo que é muito ordinário e comum aos nossos olhos.


O filme brilha quando explora o surrealismo e utiliza o objeto do próprio filme como meio para traduzir e acessar sentimentos e memórias do personagem. Sinto que esse é o verdadeiro potencial de Estranho Caminho, mas sua narrativa sofre com pleonasmos, o que enfraquece a experiência e afasta o espectador.


Carlos Francisco, como Geraldo, é a força motriz do filme. Sua performance é muito presente, firme e tênue quando necessário. Carlos trabalha com o que tem e, não obstante, é de quem nos lembramos quando Estranho Caminho termina.


Após o que deveria ser a grande virada na narrativa, o filme termina com mais inconstâncias do que no começo. Além de uma certa previsibilidade, o diretor expõe muito de si, o que não é ruim, mas faz isso de maneira pouco original.


Como disse Fabiana Lima recentemente, fale bem ou fale mal, mas precisamos falar sobre o cinema brasileiro. Precisamos empurrar cada vez mais para frente essa arte ainda tão incompreendida e imensurável. Ademais, é com amor e por amarmos essa forma de contar histórias que servimos como impulsionadores de ideias e pontos de vista diferentes.


Há apreço em ver um filme feito por nós, na nossa realidade, em um lugar onde vivemos. Isso já proporciona inúmeras possibilidades de criar, inventar e imaginar como traduzir todas essas vivências para a tela. Existem coisas lindas em Estranho Caminho. Momentos que, embora soltos, mostram o potencial e a riqueza de contar uma história da forma que só você poderia contar.


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